domingo, 19 de outubro de 2014

A verdadeira cerveja brasileira!!!

E tudo começou com um post...


Em 28 de março, navegando no Facebook, me deparei com uma foto do lúpulo cultivado pelo Sylvio Mármora. Na ocasião, lembrei-me das leveduras que estavam sendo estudadas pelo Glauco Caon (Anner Cervejas Especiais) e pela Renata Medina e tive uma ideia: porque não fazer uma cerveja com insumos nacionais, já que o lúpulo e a levedura (que era de uma espécie nova obtida aqui no RS) já estavam disponíveis e cevada era plantada no estado (bastando maltear o grão).

Levedura sendo propagada 
Levedura
Enquanto muitas cervejarias se vangloriam por utilizar insumos importados (esclarecendo que isso é uma necessidade e não um diferencial, já que não temos cultivo de lúpulo no país), porque não fazer uma cerveja realmente brasileira, que, no futuro, poderia levar a criação de um estilo local (assim como já aconteceu com os americanos)?

Muitas cervejas nacionais atualmente contém frutas ou produtos de origem brasileira, mas adjuntos cervejeiros são agregados da cerveja, que tem no malte, água, lúpulo e levedura sua composição básica e original, e, até hoje não havia sido feito uma cerveja com estes insumos produzidos/colhidos localmente.

A ideia foi bem aceita por Glauco, e, após a adesão do Evandro Janovik, que se dispôs a fornecer o malte, nasceu o projeto CevaRS. Logo, no entanto, descobrimos que não seria possível utilizar o lúpulo do Sylvio, pois a quantidade colhida era ainda muito pequena. Mas tão rápido quanto nos deparamos com este problema, veio a solução. O Eduardo Boger entrou no grupo e passou a colaborar com os seus lúpulos, que ele já vem cultivando há aproximadamente 3 anos na serra do sudoeste do estado.

Lúpulos para a brassagem
Lúpulo em flor

Após uma reunião inicial no Lagom Moinhos, definimos que a cerveja teria somente malte pilsen, para que os aromas e sabores da levedura pudessem predominar. Os lúpulos também seria inseridos somente para dar o amargor, sem muita contribuição para aroma, ou seja, seria uma brassagem simples. Nesta oportunidade, juntou-se ao projeto Tiago Genehr (cervejeiro da Coruja).

Com a compra das sacas de cevada por Evandro, foi dado início ao processo de maltagem. Evandro e Juliano Zancaro (Cervejaria Steilen Berg) cuidaram da germinação do grão, e, posteriormente eu e Renata, atendendo as especificações do Evandro iniciamos a maltagem nas instalações do IGA, em Porto Alegre. Foram 6 horas de forno, com rampas de temperatura, mas nem todo o malte ficou completamente seco, sendo necessário a Evandro seguir o processo em outro forno similar, onde a maltagem foi finalizada.
Grão de cevada
Cevada germinada

Eu e a Renata
Malteando
Malte
Radículas removidas do grão
De posse do malte, a data da brassagem poderia ser marcada. Recebemos então o convite do Micael Eckert (Cerveja Coruja), que ofereceu o espaço e o equipamento do Solar Coruja, para que  a brassagem pudesse ocorrer. Também juntou-se ao grupo o cervejeiro caseiro Pedro Joel Filho, que também contribuiu com uma levedura, ainda não identificada, que ele havia isolado da casca do butiá em Porto Alegre.

A brassagem foi então agendada para o dia 20 de setembro, uma data muito significativa para os gaúchos e que viria a significar muito também para a cerveja nacional e gaúcha. 

Na data programada nos reunimos no início da manhã no Solar Coruja onde a brassagem teve lugar até o meio da tarde. Nascia então a cerveja 1835LE (Louca de Especial).

Equipamento da brassagem
Moendo o malte
Iniciando a brassagem
Recirculando o mosto
Adicionando o lúpulo na fervura
Adicionando a levedura
Ao final da fervura, o líquido foi dividido em dois fermentadores de 25 litros, e cada um deles recebeu uma levedura diferente.

As duas cervejas fermentando
Neste momento as cervejas estão em processo de maturação e logo serão engarrafadas e/ou embarriladas, o que não foi ainda definido.

O certo é que, em breve, teremos uma cerveja verdadeiramente daqui, que apesar de ser ainda experimental (pois a levedura ainda não pode ser utilizada comercialmente), abre os caminhos para uma nova realidade no cenário cervejeiro nacional.

PS: não precisava nem falar, mas assim que a degustação das cervejas for realizada, escreverei um novo post para falar sobre as mesmas.

Até!!!

A equipe.
Da esquerda para a direita, iniciando em cima: Luis Balbinot, Tiago Genehr, Evandro Janovik, Sylvio Mármora, Pedro Joel Filho, Glauco Caon, Eduardo Boger, Leo Sassen e Marcelo Terres.
Momento "Selfie do Oscar"

 

Fotos por Luis Balbinot, Evandro Janovik, Glauco Caon, Leon Sassen e Marcelo Terres.


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sábado, 18 de outubro de 2014

Retomando a produção.

"O dia podia ter mais horas..."

Quem já não ouviu ou até mesmo disse esta frase? Pode ser um clichê, mas no fundo é algo muito verdadeiro.

Na correria dos dias atuais é complicado gerenciar trabalho com lazer, família e hobbies. No final são as prioridades que sempre vencem, e, confesso que a brassagem de cervejas não tem sido uma delas nos últimos dezoito meses, especialmente depois da minha frustração com minha última weiss, que após uma semana engarrafada havia perdido os deliciosos aromas das cervejas de trigo alemãs, obtidos pelo uso da excelente levedura líquida da Bio4 (Heffeweizen Ale – SY055).

Enfim, decepções à parte, está na hora de retormar a produção, o que deve acontecer no início de novembro quando vou tirar férias. 

Apesar da produção estar em baixa, obviamente não deixei de apreciar uma boa cerveja e degustá-las faz parte da minha rotina semanal. ;-)

Além disso, eu e a Renata participamos de um projeto MUITO interessante, que logo será o assunto de um post e que foi o impulso que faltava para minha retomada das brassagens (e que também serviu de incentivo para a Renata, que me convocou para brassar).

Fiquem então ligados que em breve o blog voltará a atividade, não tão ativo quanto antes, mas não menos interessante (muito pelo contrário).

Até!